Bem-vindo ao distrito Bom Retiro

Este distrito situado na Zona Central abrange os bairros de:

  • Bom Retiro
  • Luz
  • Ponte Pequena




História: Distrito Bom Retiro

A Luz – bairro em que se instalou o primeiro jardim público da capital – foi decisiva para o crescimento do distrito do Bom Retiro, que conheceu o progresso a partir da inauguração da estação ferroviária. Assim como no Bixiga, no Belém e no Brás, o Bom Retiro era um bairro onde vivia uma grande colônia de italianos e portugueses. Eram os famosos “carcamanos”. A origem deste termo é interessante. Contam as más línguas que os vendedores italianos, ao pesar qualquer mercadoria, a que faltavam algumas gramas, ouviam de mama ao pé do ouvido a observação: “Calça lá mano, Figlio mio”.

Na década de 1880 fez se o loteamento e a urbanização do bairro do Bom Retiro, processados pelo empresário Manfredo Meyer. Tal divisão abrangeu um grande numero de sítios e chácaras que se localizavam entre a linha férrea inglesa e as várzeas do Tiête e Tamanduateí. Nessa época ali se fixaram grandes fábricas, e paralelamente houve enorme imigração européia, principalmente de italianos. O nome Bom Retiro surgiu porque o local era procurado por pessoas para o seu “retiro” de fim de semana.

A partir do fim dos anos 1930 chegaram os judeus foragidos da perseguição dos nazistas. A vinda deles para o bairro foi acentuada durante os anos duros da Segunda Guerra – 1939 a 1945. Foram eles os responsáveis pelo grande progresso do bairro. Os judeus se tornaram pioneiros na venda em prestações, que tornou intenso o comercio da região, principalmente nas ruas Jose Paulino, da Graça e Barra do Tibagi. Ao lado da Luz está a Estação Júlio Prestes – a antiga Sorocabana -, que aumentas consideravelmente o fluxo de gente pela região, com mais de 2 mil lojas.

A partir dos anos 1970, os judeus foram dando lugar aos coreanos, que assumiram o ramo de confecções. As lojas, outrora sóbrias, hoje dão lugar a um festival de cores – com vitrines bem iluminadas e vistosas. Os coreanos também estão introduzindo e impondo o paladar de suas comidas típicas. O Bom Retiro deixou de ter a predominância imigratória dos judeus, onde agora são minoria. O fato é que a Coréia abriu no Bom Retiro “uma grande Filial”.

A título de curiosidade: a última zona restrita de prostituição de São Paulo funcionava na rua Doutor Lombroso. Em 1953, o governador Lucas Nogueira Garcez determinou que as casas de prostituição fossem fechadas. Em outras palavras, esparramou as prostitutas por toda a região, em especial pelo centro da cidade. Desde os primeiros anos da década de 1950 a colônia judaica foi comprando os imóveis da região a preços baixos. Resultado: com a extinção das prostitutas o comercio voltou a florescer.

Aliás, as prostitutas estão lá, impávidas e sorridentes. A história é bem interessante: Ademar de Barros era o governador em meados de 1930 e Prestes Maia era o prefeito. Resolveram alargar a avenida Ipiranga e ditatorialmente – como convinha àqueles tempos – restringiram as prostitutas que por ali “trabalhavam” as ruas do Bom Retiro.

Não podemos esquecer que o distrito do Bom Retiro não é apenas um grande agrupamento de lojas de roupas. Em frente à Estação da Luz localiza-se o Parque da Luz – agora totalmente reformado -, com a maior área verde do centro. São 113.428 m2 com árvores centenárias e um belo coreto importado da França. No bairro encontram-se a sala São Paulo ( na Estação Júlio Prestes), uma das mais belas casas de espetáculos do Brasil; a Pinacoteca do Estado (com um dos melhores acervos de arte); o Museu de Arte Sacra; a Escola de Belas-Artes; e muitos outros prédios tombados.

Fonte: 450 Bairros São Paulo 450 Anos
Editora: Senac São Paulo
Autor: Levino Ponciano